quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Dilma diz que pretende reajustar o valor do Bolsa Família


Dilma: a erradicação da pobreza será a meta central de seu governo

Dilma Rousseff, a nova presidente do Brasil
A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) afirmou, em entrevista à TV Brasil, que pretende reajustar o valor do Bolsa Família - programa de distribuição de renda lançado no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela disse que ainda não decidiu se o reajuste do benefício fará com que o governo revise o Orçamento da União aprovado para o próximo ano.

“Eu pretendo ver isso com mais detalhe. Agora, eu pretendo reajustar os benefícios do Bolsa Família”, afirmou. “O Orçamento é uma peça que está sempre num quadro com o qual você opera. É possível conseguir que haja mais recursos para aquilo, dependendo de suas prioridades. Agora, eu tenho o objetivo de reajustar e garantir os recursos do Bolsa Família para que eles não tenham perdas inflacionárias e que tenham ganho real”, disse Dilma, durante o programa Brasilianas.org.

De acordo com Dilma, a erradicação da pobreza será a meta central de seu governo. “É uma questão de concepção. Na concepção do projeto que eu represento, e do qual, obviamente, o presidente Lula é um dos grandes líderes, o crescimento econômico não pode ser desvinculado da melhoria das condições de vida da população. A questão social não é um adereço de mão, não é um anexo ao nosso programa, nem ao nosso governo. Eu vou tornar essa meta de erradicação da pobreza como uma meta central.”

A presidente eleita disse ainda que tem interesse em aumentar a participação das mulheres em seu governo, mas que isso não significa “criar cotas”. “Tenho todo interesse em ocupar os quadros ministeriais com muito mais mulheres, mas também não vou fazer regime de cotas. Se as mulheres forem maioria é porque foram competentes.”

Dilma disse ainda que poderá manter alguns dos ministros do governo de Lula, mas evitou adiantar em quais áreas. “É possível manter nomes e não vejo nenhum problema nesse sentido.”

A presidente eleita afirmou ainda que dará prioridade às reformas política e tributária, mas que o ritmo de trabalho será ditado pelo Congresso. “Darei uma prioridade grande à reforma tributária e à reforma política, mas os prazos serão aqueles mais adequados ao trânsito no Congresso.”

PT trava disputa com PMDB
pela presidência da Câmara


Setores do PT já trabalham com uma estratégia alternativa para garantir a presidência da Câmara nos próximos dois anos, caso não haja acordo com o PMDB. Os partidos travam uma disputa para comandar a Casa no primeiro biênio, considerado o mais importante, quando a presidente eleita, Dilma Rousseff, que tomará posse no dia 1.º de janeiro, encaminhará ao Congresso os projetos prioritários para o novo governo e o Legislativo iniciará as discussões das reformas constitucionais.

O plano B petista prevê o isolamento do PMDB e a aproximação com o PSB, o PDT e o PC do B, o chamado bloquinho, partidos da base que somam quase o mesmo número de deputados eleitos pelo PMDB. O PT elegeu 88 deputados, seguido pelo PMDB, 79 e, como maiores partidos, reivindicam a indicação do presidente da Casa. O bloquinho soma 77 deputados.

No caso da insistência do PMDB em não aceitar um petista no primeiro biênio, o caminho petista prevê uma troca de apoios com os outros partidos, escanteando os peemedebistas. O PT indicaria o presidente nos primeiros dois anos e o bloquinho indicaria um nome para o segundo biênio.

A tática serve para pressionar o PMDB a um acordo, mostra a animosidade existente entre os principais partidos que se alinharam para eleger Dilma Rousseff e revela a disposição do PT em não abrir mão de comandar a Câmara nos primeiros anos do mandato da petista.

A despeito de ter o vice-presidente de Dilma, o PMDB saiu machucado das urnas com uma bancada menor na Câmara do que a atual. Em 2006, foram eleitos 89 peemedebistas. Hoje, são 90 deputados e, em 2011, serão 79.

Embora um partido médio no Parlamento, o PSB, em contrapartida, cresceu nestas eleições. Passou dos 27 deputados atuais para 34, elegeu governadores em seis Estados, mais do que o PT e o PMDB - cada um com 5 eleitos -, e tem pretensões de ocupar espaço maior na Casa e no governo.